24.5.11

"...o carrossel no coração
(...)a festa sempre em luto
por isso envia a luz como quem mergulha nela
e conhece o escuro como quem só faisca
na criança
e procura um brilho, o metal que não oxida

eles são uma roleta em voltas sucessivas
o tambor de um revólver
o estoiro de uma bala repentina

a viuvez é um buraco no centro da cabeça
a família é um buraco absurdo sobre a casa
-uma gruta sem acesso-
há um cadáver nos olhos do acaso
cheira a pólvora como o instante que dispara
e está imóvel como um dia sem saída

o carrossel tem um cavalo que galopa
o menino tem as rédeas e espera
a idade da despedida."

daniel faria

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